terça-feira, 30 de abril de 2013

Quem são os Verdadeiros DEMONIOS...


Quantas vezes você ouviu falar ou até viu e, algum canal de televisão o pastor fazendo exorcismo, e a pessoa que esta " endiabrada" diz que quem está naquele corpo é o EXU, pois bem essa é uma imagem errada, como uma criança que é descoberta oque ele faz, assume o erro ou delega para o outro, nunca fala a verdade, e sempre mente, pois bem quando esse pastor (pastores serios e não picaretas de terno e gravata que querem a sua atenção e sua carteira) lhe pergunta o nome eles falam que é o EXU, mas agora vamos mostrar quem é esse espirito desprovido de luz própria, eles são os KIUMBAS.

Kiumbas, ou Quiumbas, são espíritos trevosos ou obsessores, que se encontram desajustados perante à Lei, provocando os mais variados distúrbios morais e mentais nas pessoas, desde pequenas confusões, até as mais duras e tristes obsessões. São espíritos que se comprazem na prática do mal, apenas por sentirem prazer ou por vinganças, calcadas no ódio doentio. Aguardando, enfim, que a Lei os "recupere" da melhor maneira possível (voluntária ou involuntariamente). Vivem no baixo astral, onde as vibrações energéticas são densas. Este baixo astral é uma enorme egrégora formada pelos maus pensamentos e atitudes dos espíritos encarnados ou desencarnados. Sentimentos baixos, vãs paixões, ódios, rancores, raivas, vinganças, sensualidade desenfreada, vícios de toda estirpe, alimentam esta faixa vibracional e os Kiumbas se
comprazem nisso, já que sentem-se mais fortalecidos.

Os Kiumbas, por não terem leis nem regras, podem se manifestar dentro de uma corrente de Kimbanda, Batuque e demais, quando a conduta for deturpada pelo médium, podendo inclusive tomar o lugar do Exu Guardião de um médium de má conduta mediúnica.

É comum médiuns que trabalham com magia negra, feitiçarias e afins terem afastadas as suas próprias entidades, que atuam somente nas leis de Deus, e serem substituídas por pseudo-entidades que se apresentam como se fossem as suas entidades, mas são Kiumbas.

Mediunicamente, quando um Kiumba assume a frente da mediunidade de uma pessoa, devido a sua má postura e opção pelo mal propriamente dito, a vida desta pessoa tende a envolver-se de doenças, rebeldias, vícios, deturpação sexual, aversão social e intolerância ao meio, afundando-se em trevas de seus próprios desejos e vaidades.


Então quem são os EXUS

A interpretação negativa (“demonização”) do Mistério Exu é antiga. Remonta à época da colonização das Américas, quando os europeus iam à África para comprar escravos e lá encontraram uma cultura muito diferente da sua, passando a interpretá-la com base em seus próprios valores e crenças.

E a primeira demonização de Exu foi feita principalmente pelos Padres católicos, conforme relatos registrados por Pierre Verger nos seus livros “Orixás” (Editora Currupio) e “Notas sobre o Culto de Orixás e Voduns” (Editora Edusp). 

Para a Igreja Católica da época (séculos XIV a XVII), nenhuma religião, além do Catolicismo, era válida. As outras religiões “não eram de Deus”; logo, suas Divindades também “não eram de Deus”, então só poderiam ser “demônios”...


Para o modelo judaico-cristão do que é religião e do que é o Sagrado, era muito difícil compreender aquela cultura na qual as pessoas não usavam roupas, o sexo não era considerado profano, não existia pecado original, os órgãos sexuais não tinham de ser escondidos etc.; e onde o Orixá Exu representava, entre outras coisas, a virilidade masculina, tendo como um de seus símbolos o órgão sexual masculino.



A origem do Orixá Exu enquanto Divindade está em Deus. Todas as Divindades provêm de Deus. Mas em termos culturais, sabemos que o culto de Orixás vem da África, especificamente dos povos Nagôs, de língua Iorubá. Logo, a origem cultural do Orixá Exu também é Nagô-Iorubá.

Os Exus atuam como Guardiões da Lei Maior. Absorvem e esgotam as negatividades dos seres que se desviaram das Leis do Criador, em qualquer dos Sete Sentidos da Vida; depois, vitalizam as qualidades positivas deles e então os neutralizam, deixando seus magnetismos aptos a que retomem o caminho da evolução.

Exu não ataca a ninguém. Exu só intervém por um comando da Lei Maior, ou quando é ativado magisticamente. Nos trabalhos religiosos de Umbanda, também a atuação de Exu é sempre delimitada pela Lei Divina, é sempre para o Bem.

Bom agora que você entendeu quem é que atrasa a sua vida, fica mais facil para se defender. e não julguem oque não conhecem.

Um grande abraço para todos e que a Luz de Deus ilumine a sua vida e de sua familia.

Fonte:
Revista Orixas Especial

domingo, 28 de abril de 2013

Porque existem negros católicos e evangélicos?







Um tanto quanto forte essa pergunta eu sei, e também sei que vai haver muitas represarias a essa questão, mas peço apena a você leitor, deixe a mente aberta a essas afirmações que fazem parte de nossa historia. 

Não sei se você sabia meu irmão negro que para a igreja católica os negros não tinham alma, é isso mesmo, não tinham.

Até o século XIX, preto não tinha alma. A Igreja dizia que não tinha, pelo menos, e por isso permitiu a escravidão negra nas Américas. O argumento era que os negros fossem uns brutos, meio-animalescos, mais próximos do reino animal que do reino humano (Os biólogos darão risadas: como se o humano algum dia tivesse alcançado um reino destacado dos outros animais. Uma pilhéria).

Quando o negro veio ao Brasil, que me lembro bem não foram convidados, não vieram de primeira classe e nem de classe econômica, foram sim sequesyrados de seus pais, amigos família no geral, foram escravizados e enviados a outro continente, como se fossem gados, e toda sua cultura também veio, essa para aliviar a saudade da mãe áfrica.

Muito morriam de BANZO ( saudade da áfrica) e como o negro era visto como coisa e não como ser humano, toda sua religião era do demonio, já que nada do negro era bom, a não ser sua força para trabalhos braças.

Tentaram catequisar o negro, mas nossa origem e força de vontade eram e são ainda fortes, tentarma por bem, não dando certo tentaram a força, muitos negros morreram pela sua fé, então não havendo outra maneira empurraram de cima para baixo o sincretismo católico.

Escravos rezavam diante de uma imagem de Santo Católico, porém, em língua Ioruba – quando na verdade prestavam suas devoções aos deuses africanos. Os europeus eram “enganados” e acreditavam mesmo na catequização dos negros.

Esse foi mais um fator muito forte na história do candomblé. Foi um fator tão forte que até hoje podemos encontrar similaridades entre religiões de matrizes africanas com o catolicismo.



Os deuses africanos foram associados a personagens, Santos Católicos para facilitar a prática às escondidas:
· Exú – Santo Antônio. 

· Omolú – São Roque ou S. Lázaro.

· Ogum – São Jorge em uns locais e Santo Antônio em outros.

· Yemanjá – Nossa Senhora dos Navegantes.

· Oxum – Nossa Senhora da Conceição.

· Xangô – São Jerônimo, São João Batista e São Miguel Arcanjo. Em alguns lugares – São Pedro.

· Oxóssi – São Sebastião e São Jorge.

· Iansã – Santa Bárbara.

· Ibeji – São Cosme e Damião.

· Obá – Santa Rita de Cássia e Joana D’Arc.

· Nanã – Santa Ana.

· Oxumarê – São Bartolomeu.

· Oxalá – Jesus Cristo e Nosso Senhor do Bonfim.



Entretanto, algumas religiões “irmãs” do candomblé como a chamada umbanda, preservam a tradição do sincretismo, quando o próprio candomblé, na maioria dos casos, já extinguiu esse costume.



Já no Brasil a Revolta dos Alfaiates, que aconteceu na Bahia, na passagem para o séc. XIX, reclamava a separação de Portugal, bem como clamava maior liberdade e igualdade social, inclusive – talvez especialmente - para os escravos, foi suprimida com violência. Os suspeitos que não foram degredados para África foram esquartejados e expostos em estacas pelas ruas das cidades. Outros milhares de focos de revolta por todo o país tiveram semelhante desfecho.

Além das muitas revoltas, houve as resistências em quilombos. Houve suicídios, suicídios coletivos, infanticídio, tudo o que fosse uma afronta à lógica econômica que tinha pessoas como instrumentos de trabalho inanimados, uma res, uma coisa, igualmente ao que diziam os antigos romanos sobre os seus próprios escravos. A única diferença, eles acreditavam, de um escravo para uma coisa, é que eram coisas falantes. Coisas mesmo assim! Contudo, diferente da escravidão antiga, a escravidão do Brasil Colônia/Império tinha um motivo de cor. Pessoa de cor era um sinônimo de pessoa de trabalhos pesados e/ou braçais. E trabalho braçal era sinônimo de humilhação. E humilhação é uma das coisas que pessoas normais evitam.

A escravidão brasileira não tinha preocupações de maquiagens morais. Explorava os negros. Não fazia mistério sobre isso. Mas agora é outra coisa. Todos fingem que não existe racismo no Brasil. Se alguém fala em racismo, é motivo para causar horror, ou alarme. É um tabu. É como falar em prostituição infantil, todos arregalam os olhos como se nunca tivessem visto ou ouvido falar naquilo, é como se não pertencesse ao nosso mundo; mas, se não pertence – ou você vive num pequeno paraíso em que estes deslizes realmente não acontecem, ou você desvia os olhos do problema debaixo do nariz.


“Nada há que me domine e que me vença
Quando a minha alma mudamente acorda...” CRUZ E SOUZA
CABELOS
Cabelos! Quantas sensações ao vê-los!
Cabelos negros, do esplendor sombrio, 

por onde corre o fluido vago e frio
dos brumosos e longos pesadelos...
Sonhos, mistérios, ansiedades, zelos,
tudo que lembra as convulsões de um rio
passa na noite cálida, no estio
da noite tropical dos teus cabelos.
Passa através dos teus cabelos quentes,
pela chama dos beijos inclementes,
das dolências fatais, da nostalgia...
Auréola negra, majestosa, ondeada,
alma de treva, densa e perfumada,
lânguida noite da melancolia!

HÁ UMA MUSICA DE CAPOEIRA QUE ILUSTRA BEM OQUE PENSO E DEIXO AQUI AOS QUE QUISEREM SE DELICIAR MAIS?


Às Vezes Me Chamam de Negro
às vezes me chamam de negro,
Pensando que vão me humilhar
Mas o que eles não sabem é que só me fazem lembrar,
Que eu venho daquela raça, que lutou pra se libertar,

Que criou o Maculêlê,
E acredita no camdomblé,
E que tem um sorriso no rosto,
A ginga no corpo,
E o samba no pé

Que fez surgir de uma dança,
Luta aqui, pode matar
Capoeira arma poderosa,
Luta de libertação,

Brancos e negros na roda, se abraçam como irmãos...
Perguntei ao camará, o que é meu?
O que é meu irmão? ôô meu irmão do coração
O que é meu irmão?
Ô Camará o que é meu...



Lei Áurea

Dorme presos como animais, acorda cedo pra trabalhar
Era na foice e no machado, com o facão nos canaviais
Quatorze horas por dia, e sem poder reclamar
O negro caía cansado, logo era chicoteado
E gritava

Não bata n'eu mais não
Não bata n'eu mais não
Não bata n'eu mais não, seu feitor
Que eu já vou me levantar

1888 a lei áurea, Isabel assinou
O negro foi jogado na rua, essa lei não adiantou
Com saudades da terra natal, com aperto no coração
O negro já não apanha mais, mas continua na
escravidão

Libertação, libertação, libertação
Olha o negro, libertação

AGORA PEÇO QUE PENSE, VOCÊ ESTA AQUI HOJE PORQUE CERTAMENTE UM DESCENDENTE SEU VEIO NAQUELES NAVIOS COMO ANIMAIS IRRACIONAIS E NÃO COMO SERES HUMANOS, NÁ FOMOS TORTURADOS, HUMILHADOS, E SUBJULGADOS, A IGREJA NEM TE RECONHECIA COM GENTE AINDA COMO RECONHECERIA COM FILHO DE DEUS, SEU PECADO E ERRO, PARA ELES ERA A COR DE SUA PELE, NOS FORÇARAM, ESPANCARAM, ESTRUPARAM AS MULHERES, MUTILARAM MUITOS HOMENS E CRIANÇAS, TENTARAM NOS CONVERCER QUE ERAMOS CRIATURAS DO CAPETA, UMA SUB RAÇA, COM UMA SUB RELIGIÃO, E NOS DIAS DE HOJE AINDA SOMOS VISTA COMO SUB-HUMANOS.
São os mesmos que hoje, te humilham no emprego, entam inferiorizar sua historia e dizem que não há preconceito, são os mesmos de terno e gravata, ou de bata, sobem nos seus pupitos e nos empurram, garganta abaixo seus dogmas, doutrinas, costumes, onde tudo que nós negros representamos é errado, pecado.


Se avalie você mesmo, e se depois disso ainda quiser ser humilhado, ai é com você.





Fontes:
http://sociedadecandomblemoderno.blogspot.com.br/2011/06/o-sincretismo-religioso-no-brasil.html
http://confrariadetolos.blogspot.com.br/2010/11/ate-o-seculo-xix-pretos-nao-tinham-alma.html
http://www.vagalume.com.br/carolina-soares/as-vezes-me-chamam-de-negro.html

http://pensador.uol.com.br/poemas_cruz_e_sousa/

quarta-feira, 24 de abril de 2013

“A educação colabora para a perpetuação do racismo” - Kabengele Munanga

Professor Kabengele Munanga: Sem cotas raciais, as políticas universalistas não são capazes de diminuir o abismo entre negros e brancos no País. Foto: CartaCapital

por Adriana Marcolini, em CartaCapital

Enviada por Rosário Rocha

Nascido no antigo Zaire, atual República Democrática do Congo, em 1942, o professor de Antropologia da Universidade de São Paulo Kabengele Munanga aposentou-se em julho deste ano, após 32 anos dedicados à vida acadêmica. Defensor do sistema de cotas para negros nas universidades, Munanga é frequentemente convidado a debater o tema e a assessorar as instituições que planejam adotar o sistema. Nesta entrevista, o acadêmico aponta os avanços e erros cometidos pelo Brasil na tentativa de se tornar um país mais igualitário e democrático do ponto de vista racial.
CartaCapital: O senhor afirma que é difícil definir quem é negro no Brasil. Por quê?

Kabengele Munanga: Por causa do modelo racista brasileiro, muitos afrodescendentes têm dificuldade em se aceitar como negros. Muitas vezes, você encontra uma pessoa com todo o fenótipo africano, mas que se identifica como morena-escura. Os policiais sabem, no entanto, quem é negro. Os zeladores de prédios também.

CC: Quem não assume a descendência negra introjeta o racismo?

KM: Isso tem a ver com o que chamamos de alienação. Por causa da ideologia racista, da inferiorização do negro, há aqueles que alienaram sua personalidade negra e tentam buscar a salvação no branqueamento. Isso não significa que elas sejam racistas, mas que incorporaram a inferioridade e alienaram a sua natureza humana.

CC: O mito da democracia racial, construído por Gilberto Freyre e vários intelectuais da sua época, ainda está impregnado na sociedade brasileira?

KM: O mito já desmoronou, mas no imaginário coletivo a ideia de que nosso problema seja social, de classe socioeconômica, e não da cor da pele, faz com que ainda subsista. Isso é o que eu chamo de “inércia do mito da democracia racial”. Ele continua a ter força, apesar de não existir mais, porque o Brasil oficial também já admitiu ser um país racista. Para o brasileiro é, porém, uma vergonha aceitar o fato de que também somos racistas.

CC: O senhor observa alguma evolução nesse cenário?

KM: Houve grande melhora. O próprio fato de o Brasil oficial se assumir como país racista, claro, com suas peculiaridades, diferente do modelo racista norte-americano e sul-africano, já é um avanço. Quando cheguei aqui há 37 anos, não era fácil encontrar quem acompanhasse esse tema. Hoje, a questão do racismo é debatida na sociedade.

CC: O sistema de cotas deve ser combinado com a renda familiar?

KM: Sempre defendi as cotas na universidade tomando como ponto de partida os estudantes provenientes da escola pública, mas com uma cota definida para os afrodescendentes e outra para os brancos, ou seja, separadas. Por que proponho que sejam separadas? Porque o abismo entre negros e brancos é muito grande. Entre os brasileiros com diploma universitário, o porcentual de negros varia entre 2% e 3%. As políticas universalistas não são capazes de diminuir esse abismo.

CC: Somente os estudantes vindos da escola pública são incluídos nas cotas?

KM: Sim, com exceção da Universidade de Brasília (UnB). Lá, as cotas não diferenciam os que vêm da escola pública e os da particular. Porém, em todas as universidades o critério é uma porcentagem para os negros, outra para os brancos e outra para os indígenas, todos provenientes da escola pública. Dessa forma, os critérios se cruzam: o étnico e o socioeconômico. Tudo depende da composição demográfica do estado. Em Roraima, por exemplo, sugeri que se destinasse um porcentual maior para a população indígena, proporcional à demografia local.

CC: Quantas universidades adotaram o sistema de cotas no Brasil?

KM: Cerca de 80. É interessante observar que há muita resistência nas regiões Norte e Nordeste. Lá eles ainda acreditam que a questão seja apenas social.

CC: O sistema deve passar por avaliação para definir a sua renovação ou suspensão?

KM: Qualquer projeto social não deve ser por tempo indeterminado. No sistema em vigor, algumas universidades estabeleceram um período experimental de 10 anos, outras de 15. Posteriormente, vão avaliar se seguem adiante.

CC: Em sua opinião, por que a Universidade de São Paulo ainda não aprovou as cotas?

KM: A USP poderia ter sido a primeira universidade a debater o sistema, porque aqui se produziram os primeiros trabalhos intelectuais do Sudeste que revelaram o mito da democracia racial. Como é uma universidade elitista, ficou presa à questão de mérito e excelência. Não é oficial, mas está no discurso dos dirigentes. A outra refere-se à questão do mérito. Eles ainda acreditam que o vestibular tradicional seja um princípio democrático. De certo modo acredito que a Universidade de São Paulo ainda esteja presa ao mito da democracia racial. Entre as universidades paulistas, apenas a Federal de São Paulo adotou as cotas. A Unesp também está de fora.

CC: O racismo é uma ideologia. De que forma podemos desconstruí-la? Qual o papel da escola?

KM: Como todas as ideologias, o racismo se mantém porque as próprias vítimas aceitam. Elas o aceitam por meio da educação. É por isso que em todas as sociedades humanas a educação é monopólio do Estado. Falo da educação em sentido amplo, ou seja, aquela que começa no lar. A socialização começa na família. É assim que, enquanto ideologia, o racismo se mantém e reproduz. A educação colabora para a perpetuação do racismo.

CC: A escola brasileira está preparada combater o racismo?

KM: As leis 10.639 e 11.645 tornam obrigatório o ensino da cultura, da história, do negro e dos povos indígenas na sociedade brasileira. É o que chamamos de educação multicultural. As leis existem, mas há dificuldades para que funcionem. Primeiro é preciso formar os educadores, porque eles receberam uma educação eurocêntrica. A África e os povos indígenas eram deixados de lado. A história do negro no Brasil não terminou com a abolição dos escravos. Não é apenas de sofrimento, mas de contribuição para a sociedade.

CC: Uma estudante angolana foi assassinada recentemente em São Paulo, mas a mídia não deu a devida atenção. Por que isto acontece?

KM: A imprensa é um microcosmo da sociedade e ignora, ou finge ignorar, o racismo. Por isso, quando ocorre um fato desta natureza, não o julga devidamente. Mas a mídia brasileira também não dedica espaço para o continente africano

Os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor.

LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989.

 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:  


  
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

Art. 2º (Vetado).

Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da Administração Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, obstar a promoção funcional. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010)

Pena: reclusão de dois a cinco anos.

Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada.

§ 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça ou de cor ou práticas resultantes do preconceito de descendência ou origem nacional ou étnica: (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010)

I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao empregado em igualdade de condições com os demais trabalhadores; (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010)

II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar outra forma de benefício profissional; (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010)

III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010)

§ 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços à comunidade, incluindo atividades de promoção da igualdade racial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamento de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para emprego cujas atividades não justifiquem essas exigências.

Pena: reclusão de dois a cinco anos.

Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador.

Pena: reclusão de um a três anos.

Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de qualquer grau.

Pena: reclusão de três a cinco anos.

Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor de dezoito anos a pena é agravada de 1/3 (um terço).



Pena: reclusão de três a cinco anos.

Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público.

Pena: reclusão de um a três anos.

Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes sociais abertos ao público.

Pena: reclusão de um a três anos.

Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de massagem ou estabelecimento com as mesmas finalidades.

Pena: reclusão de um a três anos.

Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou escada de acesso aos mesmos:

Pena: reclusão de um a três anos.

Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou qualquer outro meio de transporte concedido.

Pena: reclusão de um a três anos.

Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em qualquer ramo das Forças Armadas.

Pena: reclusão de dois a quatro anos.

Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casamento ou convivência familiar e social.

Pena: reclusão de dois a quatro anos.

Art. 15. (Vetado).

Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou função pública, para o servidor público, e a suspensão do funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior a três meses.

Art. 17. (Vetado).

Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença.

Art. 19. (Vetado).

Art. 20. Praticar, induzir ou incitar, pelos meios de comunicação social ou por publicação de qualquer natureza, a discriminação ou preconceito de raça, por religião, etnia ou procedência nacional. (Artigo incluído pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990) Pena: reclusão de dois a cinco anos.
§ 1º Incorre na mesma pena quem fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo.(Parágrafo incluído pela Lei nº 8.882, de 3.6.1994)
§ 2º Poderá o juiz determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência:(Parágrafo renumerado pela Lei nº 8.882, de 3.6.1994)
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo;
II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas ou televisivas.
§ 3º Constitui efeito da condenação, após o trânsito em julgado da decisão, a destruição do material apreendido. (Parágrafo renumerado pela Lei nº 8.882, de 3.6.1994)

Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

Pena: reclusão de um a três anos e multa.(Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo;(Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas ou televisivas.(Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou da publicação por qualquer meio; (Redação dada pela Lei nº 12.735, de 2012)

III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na rede mundial de computadores. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010)

§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após o trânsito em julgado da decisão, a destruição do material apreendido. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. (Renumerado pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990)

Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário. (Renumerado pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990)

Brasília, 5 de janeiro de 1989; 168º da Independência e 101º da República.
JOSÉ SARNEY
Paulo Brossard

Este texto não substitui o publicado no DOU de 6.1.1989 e retificada em 9.1.1989


Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento similar.

Quem é Xangô o orixá da Justiça

Inicialmente, diferente da religiões de raiz cristã, que são escritas e assim passada de geração em geração, as religiões de raiz africana são passadas verbalmente as gerações futuras.
Mas todos temos o mesmo DEUS, apenas de nome e cor diferente, caso você ainda pense que Jesus Cristo era loiro de olhos azuis, mas isso é outra historia. segue abaixo um pouco do Grande Orixá, Xangô conhecido como o Orixá da Justiça.

Xangô é um Orixá forte, inteligente e criativo. As pessoas que tem sua proteção podem se considera vencedoras. Costumam tomar decisões certeiras graças à audacia e à justiça que possuem. Gostam de receber elogios pelas coisas que fazem. Xangô também é considerado o Orixá do fogo, já que é poderoso, autoritário e inspira respeito por aonde passa. Extremamente sensual, ele teve três esposas: Iansã, Oxum e Obá. Como nunca se sentia derrotado, toda sua conquista era realizada de peito aberto. Seu senso de justiça é representado pelo raio e pelo trovão. Embora passe uma imagem repressiva, Xangô sempre soube separar o bem do mal. A mentira e a falsidade são coisas que seus filhos não admitem. Mesmo autoritários e dominadores, sabem muito bem saparar o certo do errado e adoram curtir prazeres que a vida oferece. Diante de qualquer problema, às vezes chegam a criar inimizades pela maneira franca de dizer tudo o que pensam. Mas mesmo assim, são adorados pela maioria das pessoas.


O Orixá Xangô 
Sendo então Xangô é a divindade que rege o fogo, o trovão, os raios, muito semelhante a Javé, Zeus, Odin e Tupã.
Pode, através da sua justiça, dispensar favores, movendo favoravelmente ventos, raios, trovões para nos defender e para ganharmos causas.
A sua Lei é como a rocha, dura, justa, cega...
Portanto, devemos pensar duas vezes antes de batermos a mão, a cabeça e clamarmos por justiça, pois se a nossa demanda for justa ele nos amparará e se não for aos rigores de sua lei seremos chamados e o seu raio de correção virá para cima de nós mesmos.
Então quando nos sentirmos injustiçados, devemos pedir que Xangô nos esclareça e se estivermos certos então que ele esclareça a outra parte e se esta não ouvir então não precisamos nem pedir, que a lei de ação e reação é automática e se cumprirá a justiça de Xangô em nossas vidas.
O santuário natural, sagrado, ponto de força e habitat, aonde costuma-se depositar oferendas é no alto de uma pedreira ou na cachoeira.
Na pedreira, com Iansã, Xangô nos traz o arrojo, a determinação, a fortaleza, a segurança, a firmeza e a sustentação.
Na cachoeira, junto com Oxum, nos purifica, nos energiza, nos dá vida, vigor, saúde e inteligência.
No esoterismo de Umbanda Xangô é o Senhor das Almas, cujo atributo é a sabedoria afim de exercer a Justiça Divina, aferindo em sua balança todas as almas.
Através da manipulação do elemento fogo, Xangô, mais do que fazer cumprir a lei kármica para todos os seres viventes, ilumina o caminho a ser seguido, bem como ajuda a libertar dos grilhões milenares dos enganos que escravizam a consciência.

Os sincretismos de Xangô na Umbanda.

No sincretismo associou-se o Xangô das Pedreiras a São Jerônimo, aquele que amansa o leão e que tem o poder da escrita e o livro onde escreve na pedra suas leis e seus julgamentos.
Protetor dos intelectuais, dos magistrados.
Já na cachoeira o sincretismo foi com São João Batista, por causa do batismo de Jesus, de lavar a cabeça na água doce para se purificar.
Com o poder do fogo de Xangô é queimado, destruído tudo o que é de ruim e ocorre a transmutação trazendo tudo o que é de bom, todo o bem possível, de acordo com o nosso merecimento.
Isso é o que pedimos nas fogueiras do mês de junho.
Alguns dizem que São Judas Tadeu, por ter um livro na mão também pode sincretizar-se com Xangô ou que tem uma linha espiritual que atua nas correntes de Xangô.
Assim, Tudo o que é ligado a trabalhos e pedidos de estudos, à cabeça, papéis, entregamos a linha de Xangô.
Xangô é o grande Rei, poderoso, autoritário, porém que tem compaixão e é justo.
Xangô tem autoridade é valente, mas tem um grande e bom coração.
O seu machado é o simbolo da imparcialidade.
É uma divindade da vida, representado pelo fogo ardente e por essa razão não tem afinidade com a morte e nem com os outros orixás que se ligam à morte.
Xangô, sincretizado com São João Batista, é também o patrono da linha do oriente, na qual se manifestam espíritos mestres em ciência ocultas, astrologia, quiromância, numerologia, cartomancia.
Por este motivo, a linha dos ciganos vêm trabalhar nesta irradiação.


Dia da Semana: Quarta-feira

Saudação:
 Kaô Kabiesilê / Oba Kosô

Cores: 
Vermelho e branco

Símbolo:
 Oxé ( machado de duas laminas )

Alimento Principal: 
Amalá




Xangô Como personagem histórico,

Xangô teria sido o terceiro Alafin Oyó, "Rei de Oyó". Este Orixá, em seu aspecto divino, seria filho de Yemanjá e tem como esposa três divindades: Iansã, Oxum e Obá. Representa alegria, descendência, intensidade da vida, beleza masculina, paixão, inteligência e as riquezas. Porém como rei, além de desempenhar papel de proteção tembém mantém a ordem castigando os mentirosos e os malfeitores com seu machado de duas lâminas, representado o jugamento justo que pesa os dois lados do problema: da vítima e do acusado. O poder mágico de Xangô reside no raio, no fogo que corta o céu, e que destrói na Terra, mas que transforma, e resguarda, iluminando o caminho. Xangô é um dos Orixás mais populares da Bahia e sua importância estende-se por todo Brasil, pois representa a síntese da liberdade, altivez e realeza dos dignatários africanos, sendo um símbolo de poder e superação para toda a população negra. Tem sincretismo com São Jerônimo e São João Batista.

Personalidade: O tipo Xangô é robusto, pesado, imponente e nobre. Tem, no entanto, certa tendência para engordar quando abusa dos prazeres da mesa. É um indivíduo sensual, amigo dos prazeres, capaz de liderança, é um eterno apaixonado e incorrigível conquistador; têm a fama de mulherengos. Apresentam alta dose de energia, auto-estima e egocentrismo. Pode ser um marido infiel, embora ciumento e vingativo. É orgulhoso, prepotente, teimoso, não ouve o conselho de ninguém e não admite jamais ter se enganado. São atrevidos, valentes e, às vezes, podem ser cruéis. No entanto, são muito apegados às suas próprias mães, tornando-se pais carinhosos, extremosos e dedicados. Dizem que temem a morte por amar demais a vida. Podem ser militares, políticos ou intelectuais. Possuem uma postura nobre e hábitos aristocráticos, gostando de dar a última palavra em tudo. Seu humor é variável, sendo incapazes de cometer injustiças. 

domingo, 21 de abril de 2013

Malcolm X explana o nacionalismo preto - legendado


Qual a cor de Jesus, Loiro de olhos azuis? E você acredita nisso?


A LENDA DE OBARÁ


Existiam dezesseis irmãos na cidade de Ilê Ifé na Nigéria:
  1. Okaran Xoxô,
  2. Eji Oko,
  3. Ogundá,
  4. Yorossun, 
  5. Oshé, 
  6. Obará,
  7. Ody, 
  8. Eji-onilê,
  9. Ossá, 
  10. Ofun, 
  11. Owarin Soobè,
  12.  Eji-lashiborá,
  13.  Eji-olobô,
  14.  Iká,
  15.  Ifalahé
  16. Urunmilá Babá Ifá.
O mais pobre era Obará. Os irmãos se reuniram sem Obará saber e como eles tinham negócios e eram ricos, todos os anos procuravam um Babalawô. Chegaram a casa do sacerdote e pediram para ele botar uma mesa, isto é, para jogar búzios. No primeiro lance de jogada o Babalawô verificou a ausência de uma pessoa e disse:
– “Está faltando uma pessoa da família aqui, quem é?”
Eles se entreolharam e disseram:
– “É Obará, nosso irmão mais pobre, nós nunca procuramos ele para nada, ele é uma ovelha negra da nossa família.”

O sacerdote jogou e tirou os ebós necessários para os quinze irmãos. Como na África os babalawôs dão sempre um presente às pessoas que vão se consultar, o sacerdote virou-se e disse, eu como no momento não tenho nada vou dar a cada um uma abóbo ra, para vocês levarem. Entregou as abóboras e eles se retiraram. No caminho uns com os outros comentavam que o Oluwô não tinha dado valor a eles, dando a cada um uma abóbora, presente considerado insignificante e gritavam só quem como isto é porco lá em casa. Um deles falou, como faz muito tempo, vamos visitar o nosso irmão Obará, já é quase noite, pernoitaremos na casa dele e ao amanhecer iremos todos embora. Concordaram e o último disse e ao sairmos deixaremos essas abóboras para Obará comer.

Dito e certo, chegaram à casa de Obará à noitinha, bateram na porta, quem foi atender a esposa de Obará. Os irmãos entraram e saudaram Obará. Obará ficou satisfeito com a visita dos quinze irmãos e perguntou o que era aquilo, eles se olharam entre si e disseram, fomos a um Babalawô e ele disse que este ano você vai morrer, então como você é nosso irmão, viemos nos despedir. Obará abanou a cabeça a mulher começou a chorar com os filhos. Obará então disse:

– “Como é ritual quando se vai morrer oferecer-se um jantar, então você jantarão comigo.”

Os irmãos aproveitaram a oportunidade e comeram tudo da casa de Obará no outro dia cedo se arrumaram, se despediram e ao sair cada um deixou sua abóbora para Obará. Aí começou a chover, chovendo já a três dias a mulher de Obará disse que as caças tinham comido todas as carnes e que a carne seca já havia acabado e até as frutas, enfim tudo. Então Obará lembrou-se das abóboras e disse à mulher come- remos abóboras, vá busca-las, verificaram que na primeira só tinha moedas de ouro, a segunda estava cheia de brilhantes, a terceira só tinha pérolas e assim cada uma tinha uma riqueza dentro. Então uma voz gritou:


– “Não digas nada do que tens, senão voltarás ao que eras.”

Obará prosperou, prosperou, passados meses os irmãos fizeram os ebós e nada resolveram. Então tiveram que procurar um novo Babalwô, se reuniram e lá foram eles novamente. O novo sacerdote fez os preparativos e ao jogar os búzios disse:

– “Falta uma pessoa de sua família aqui, quem é?”

Eles responderam é Obará!

– “Vocês fizeram uns ebós e nada resolveram, vocês receberam cada um grande presente e jogaram fora. Eles responderam, o outro sacerdote nos deu a cada um abóbora.”

Então o Babalawô lhes disse:

– “Vocês deram a riqueza de vocês a este irmão.”

Neste momento, eles escutaram toques e clarins e batidas de tambor na rua e o povo todo correndo e gritando que vinha um Homem muito rico oferecer presentes ao Rei. Os irmãos correram à janela, viram de longe um Homem todo de branco, montado em um cavalo branco que de cem e cem metros mudava para outro cavalo, os cavalos tinham os arreios todos em prata, um séquito de escravos e soldados o acompanhavam eles então gritaram:

– “É Obará nosso irmão.”

O sacerdote então jogou e gritou é a riqueza que estava nas abóboras. Eles se entreolharam, coçaram a cabeça e disseram, amanhã vamos lá tomar o que é nosso. Então o sacerdote terminou o jogo e ofereceu uma moeda a cada um dizendo que guardassem mas que aquele ano não seria bom para eles. Nem havia amanhecido o dia os irmãos estavam na porta do palácio de Obará, que antes era uma casa de barro pequenina. O chefe da guarda perguntou quem deveria anunciar. Voltando o chefe da guarda de Obará trouxe o recado dele dizendo que não poderia atender pôr que estava com visitas importantes e tinha vergonha de apresentá-los como irmãos. Então eles gritavam que queriam as abóboras de volta. Obará da sacada do palácio, respondeu para abrir o chiqueiro dos porcos e devolver as abóboras que já estavam podres, e que os porcos já haviam comido.

Então a mesma voz disse:

- “Obará não diga nada do que tens a ninguém, senão voltarás ao que eras.”

Os irmãos gritavam que queriam as abóboras de volta, e Obará respondeu que apodreceram. Pôr isso que, quem é deste Odu deverá dar comida a ele dentro de uma abóbora todo mês de junho na Lua cheia

Obará é o Odu pobre que se torna rico, se a pessoa falar no que tem, os irmãos (os outros Odus) tomam tudo e a pessoa volta de duas a seis vezes pior do que era. Pôr este motivo que as pessoas deste Odu usam o vintém com a coroa para a frente e a cara para trás, para ninguém ver a cara de Obará.


Fonte:https://afroxe.com.br/portal/index.php/relafrobrasileiras-2/religioesafrobrasileiras/47-candomble/330-lendadeobara

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Aluá – Bebida genuinamente brasileira


Bebida refrigerante feita de milho, de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com açúcar ou rapadura, usada tradicionalmente como oferenda aos orixás nas festas populares de origem africana, uma das versões para esse nome é uma alusão “ao luar”, porque os escravos preparavam esse refresco à noite, inserido nos cultos afro, mais precisamente nos boris. Essa bebida esta sempre presente nos festejos religiosos ela é uma bebida tradicional. Na Umbanda e no candomblé, o aluá é oferecido a Iemanjá. Em Minas Gerais, ele ainda é servido nos rituais de fé da Igreja Católica, geralmente nas irmandades e não pode ser vendido.



O aluá foi uma bebida trazida pelos portugueses e que foi usada, na época da colonização, na Amazônia, Ceará, Pernambuco, Paraiba, Rio Grande do Norte, depois de passar por um processo de aculturação, substituindo-se a fruta ou cereal fermentado e o açúcar pela rapadura. Até mesmo na capital do Império, o aluá teve sua vez. Câmara Cascudo informa que em 1881, França Júnior, cronista do séc. XIX, evoca a popularidade do aluá durante o reinado de Pedro I na capital do Império: "No primeiro reinado o refresco em voga foi o aluá. O pote de aluá saía para o meio da rua, e o povo refrescavase ao ar livre, a vintém por cachaça". Uma senhora, amiga, relembrou da sua infãncia no interior do Ceará, quando o aluá era feito em todas as casas onde haviam festejos juninos. "Não se fazia quadrilha sem ter aluá em casa para servir ao povo todo".


O Aluá feito em Portugal era uma bebida adicionada de bagaceira, que é a cachaça feita de uva e que muita gente conhece também como grapa. Só que os índios da Amazônia também faziam um suco parecido, com abacaxi e com teor alcoólico bem mais baixo, porque eles usavam o abacaxi fermentado, que gerava uma pequena graduação alcoólica de 3%, metade da de uma cerveja Pilsen.


No Nordeste, a aluá ainda permanece vivo em alguns lugares no sertão, nas novenas, nas festas da padroeira. Em Minas Gerais ele também sobrevive e existe uma tradição de que não pode ser vendido, mas servido em rituais de fé (hoje, nas irmandades católicas) como faziam os negros que dançavam, cantavam e bebiam o líquido de baixo teor teor alcoólico (cerca de 3,5°) que, neste caso, era à base de abacaxi. Minha mãe sempre fez aluá em casa, quando éramos crianças, da casca do abacaxi. É delicioso, com um leve ácido e bolhinhas naturais que se formam na boca por causa da fermentação.



Aluá, Limões Doces e Cana-de-Açúcar - J. B. Debret, 1826


Na casa de Mãe Betinha de Iemanjá Sabá (essa foto antiga é de lá), era tradicional servir aluá (lá chamados garaxó, de abacaxi ou milho). Eram jarras enormes, servidas nas festas para Ibeji, quando os erês se fartavam (e nós, mais crescidos um pouco, também). Nunca ouvi falar de outro terreiro em Pernambuco, com esta tradição que só ouvi falar de terem existido em casas muito antigas da Bahia.


Então, uma boa oportunidade de experimentar. Existem aluás feitos de vários tipos de fontes de amido fermentados ou açúcares, além do milho e abacaxi. Encontrei receitas de aluá até feito de pão, farinha de arroz ou de mandioca. São receitas perdidas no tempo, morrendo com nossa memória e que valem a pena relembrar.


Por termos no Brasil uma rica miscigenação entre os povos (negros, indígenas e brancos), muitas das comidas da culinária afro-religiosa é incorporada em nosso dia a dia, como é o caso do aluá, que também é conhecido como uma bebida refrigerante de origem indígena, feita com a fermentação de grãos de milho moídos. No Acre e no resto da Amazônia é comum se usar o milho triturado ou a farinha de milho. Em outras regiões, como por exemplo em Belém, se usam cascas de frutas como o abacaxi, raiz de gengibre (esmagada ou ralada), açúcar ou caldo de cana e sumo de limão. Também chamada de aruá. Já no estado do Ceará existe uma versão da bebida feita de pão branco, cravo da índia e adoçado com rapadura preta.


Então o aluá brasileiro misturou o culto religioso dos africanos, a colonização portuguesa e a culinária indígena. Portanto, temos aí, talvez a bebida genuinamente brasileira ou, no mínimo, a mais tradicional feita por aqui.


Aluá de milho

Ingredientes:

  • Dois litros de milho vermelho seco 
  • Dezoito litros d'água 
  • Cinco rapaduras de um quilo cada 
  • Suco de dez limões, ou o equivalente em laranjas ou outras frutas ácidas, frescas 
  • Uma raiz de gengibre partida e amassada 
  • Jarra de barro já usada e que caiba tudo 

Escolha, lave e leve o milho ao sol, para secar. Bote uma caçarola, sem gordura nenhuma, ao fogo, coloque o milho e mexa para tostar todo por igual. Retire do fogo e deixe esfriar. Triture grosseiramente o milho em um pilão. Ponha a água na jarra bem como o milho já frio e o gengibre. Tampe bem a jarra e deixe em Infusão durante oito a dez dias. Todos os dias dê uma mexida e, logo em seguida, tampe a jarra. No dia de servir, raspe ou corte em pedaços pequenos as rapaduras e coloque tudo dentro da jarra, já com a água e o milho. Mexa bem até dissolver as rapaduras. Coe num coador de pano, usando em uma toalhinha de cozinha bem limpa. Adicione o suco de frutas. Caso prefira mais doce, pode botar mais açúcar, de acordo com o gosto da pessoa. O aluá também pode ser feito com açúcar comum.


Simbora brindar a cultura afro brasileiro com Aluá! Saúde!


Fonte:https://www.afroxe.com.br/portal/index.php/blogafroxe/70-alu%C3%A1-%E2%80%93-bebida-genuinamente-brasileira