Existiam dezesseis irmãos na cidade de Ilê Ifé na Nigéria:
- Okaran Xoxô,
- Eji Oko,
- Ogundá,
- Yorossun,
- Oshé,
- Obará,
- Ody,
- Eji-onilê,
- Ossá,
- Ofun,
- Owarin Soobè,
- Eji-lashiborá,
- Eji-olobô,
- Iká,
- Ifalahé
- Urunmilá Babá Ifá.
– “Está faltando uma pessoa da família aqui, quem é?”
Eles se entreolharam e disseram:
– “É Obará, nosso irmão mais pobre, nós nunca procuramos ele para nada, ele é uma ovelha negra da nossa família.”
O sacerdote jogou e tirou os ebós necessários para os quinze irmãos. Como na África os babalawôs dão sempre um presente às pessoas que vão se consultar, o sacerdote virou-se e disse, eu como no momento não tenho nada vou dar a cada um uma abóbo ra, para vocês levarem. Entregou as abóboras e eles se retiraram. No caminho uns com os outros comentavam que o Oluwô não tinha dado valor a eles, dando a cada um uma abóbora, presente considerado insignificante e gritavam só quem como isto é porco lá em casa. Um deles falou, como faz muito tempo, vamos visitar o nosso irmão Obará, já é quase noite, pernoitaremos na casa dele e ao amanhecer iremos todos embora. Concordaram e o último disse e ao sairmos deixaremos essas abóboras para Obará comer.
Dito e certo, chegaram à casa de Obará à noitinha, bateram na porta, quem foi atender a esposa de Obará. Os irmãos entraram e saudaram Obará. Obará ficou satisfeito com a visita dos quinze irmãos e perguntou o que era aquilo, eles se olharam entre si e disseram, fomos a um Babalawô e ele disse que este ano você vai morrer, então como você é nosso irmão, viemos nos despedir. Obará abanou a cabeça a mulher começou a chorar com os filhos. Obará então disse:
– “Como é ritual quando se vai morrer oferecer-se um jantar, então você jantarão comigo.”
Os irmãos aproveitaram a oportunidade e comeram tudo da casa de Obará no outro dia cedo se arrumaram, se despediram e ao sair cada um deixou sua abóbora para Obará. Aí começou a chover, chovendo já a três dias a mulher de Obará disse que as caças tinham comido todas as carnes e que a carne seca já havia acabado e até as frutas, enfim tudo. Então Obará lembrou-se das abóboras e disse à mulher come- remos abóboras, vá busca-las, verificaram que na primeira só tinha moedas de ouro, a segunda estava cheia de brilhantes, a terceira só tinha pérolas e assim cada uma tinha uma riqueza dentro. Então uma voz gritou:
– “Não digas nada do que tens, senão voltarás ao que eras.”

– “Falta uma pessoa de sua família aqui, quem é?”
Eles responderam é Obará!
– “Vocês fizeram uns ebós e nada resolveram, vocês receberam cada um grande presente e jogaram fora. Eles responderam, o outro sacerdote nos deu a cada um abóbora.”
Então o Babalawô lhes disse:
– “Vocês deram a riqueza de vocês a este irmão.”
Neste momento, eles escutaram toques e clarins e batidas de tambor na rua e o povo todo correndo e gritando que vinha um Homem muito rico oferecer presentes ao Rei. Os irmãos correram à janela, viram de longe um Homem todo de branco, montado em um cavalo branco que de cem e cem metros mudava para outro cavalo, os cavalos tinham os arreios todos em prata, um séquito de escravos e soldados o acompanhavam eles então gritaram:
– “É Obará nosso irmão.”
O sacerdote então jogou e gritou é a riqueza que estava nas abóboras. Eles se entreolharam, coçaram a cabeça e disseram, amanhã vamos lá tomar o que é nosso. Então o sacerdote terminou o jogo e ofereceu uma moeda a cada um dizendo que guardassem mas que aquele ano não seria bom para eles. Nem havia amanhecido o dia os irmãos estavam na porta do palácio de Obará, que antes era uma casa de barro pequenina. O chefe da guarda perguntou quem deveria anunciar. Voltando o chefe da guarda de Obará trouxe o recado dele dizendo que não poderia atender pôr que estava com visitas importantes e tinha vergonha de apresentá-los como irmãos. Então eles gritavam que queriam as abóboras de volta. Obará da sacada do palácio, respondeu para abrir o chiqueiro dos porcos e devolver as abóboras que já estavam podres, e que os porcos já haviam comido.
Então a mesma voz disse:
- “Obará não diga nada do que tens a ninguém, senão voltarás ao que eras.”
Os irmãos gritavam que queriam as abóboras de volta, e Obará respondeu que apodreceram. Pôr isso que, quem é deste Odu deverá dar comida a ele dentro de uma abóbora todo mês de junho na Lua cheia
Obará é o Odu pobre que se torna rico, se a pessoa falar no que tem, os irmãos (os outros Odus) tomam tudo e a pessoa volta de duas a seis vezes pior do que era. Pôr este motivo que as pessoas deste Odu usam o vintém com a coroa para a frente e a cara para trás, para ninguém ver a cara de Obará.
Fonte:https://afroxe.com.br/portal/index.php/relafrobrasileiras-2/religioesafrobrasileiras/47-candomble/330-lendadeobara
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